sexta-feira, 4 de março de 2011

Les Catacombes de Paris

Sem companhia para esta nova incursão, calço minhas botas e tomo o metrô na estação Art et Métiers, com destino à Denfert Rochereau, linha 3, conexão na estação Châtelet. Acho curioso como um metropolitano tão extenso não possua linhas circulares, transformando em uma estação gigantesca o Forum Les Halles. E ainda assim, a coisa toda funciona muito bem. Número 3 da Avenue Colonel Rol-Tanguy. Eis a entrada das Catacumbas de Paris.



Nem passava pela minha cabeça que poderia haver uma fila. "Relaxa e goza", já dizia uma personagem da política brasileira. Que hora para lembrar da Martha!



Devagarinho, a fila vai andando.



Até que haaaaa...cheguei lá! Recepcionista simpático não? Trata-se do cartaz da exposição "Palermo, diálogos de vida após a morte" do fotógrafo Olivier Meirel.






Fui o último do grupo a ser admitido. O número de visitantes é limitado a 200, quando a entrada é temporariamente interrompida. Pura sorte. Quando comprei meu ticket, os primeiros já haviam desaparecido pelos 130 degraus. Fico livre para ser dono da minha própria aventura, só, rumo ao desconhecido.


O caminho, com iluminação especial, que ora ilumina este solitário deambulante, nada parece com o cenário abaixo.




Em 1858, a Inspeção-Geral de Minas publicou o primeiro mapa geológico de Paris.






Ainda descendo, ouvindo os próprios passos.




No fim do túnel, tem outro...




...e mais outro. Até agora só, com meu pensamentos. 14ºC a temperatura. Uns 10 graus a mais do que na superfície.



Uma luz no fim do túnel e um funcionário recepcionava sem dizer uma palavra. _Bonsoir (boa noite), disse a ele, surpreendendo-me ao lembrar que era dia na superfície.





Esculturas Décure. Nome do soldado que as esculpiu, morto no próprio local, vítima de um desabamento.




Mais um túnel.




E o macabro aviso: Pare! Aqui é o império da morte.





Não parei e lá estava: os domínios da morte.





Entre ossadas depositadas de 1786 a 1788, encontro os primeiros visitantes -  vivos - que desceram antes.




O ar das galerias não era totalmente ruim, mas não dá para dizer que era uma fresca brisa da manhã.


Difícil de fotografar pela proibição de uso de flashes e/ou tripé, foi necessário experimentar diversos ângulos, todos próximos de alguma luz. 






O cemitério no bairro do "Halles" após quase dez séculos de uso,  tornou-se a origem de infecção por todos os habitantes do distrito. Após várias reclamações, o Conselho de Estado, em 9 de novembro de 1785, determinou a remoção  e a evacuação do cemitério dos Inocentes.





 As antigas pedreiras subterrâneas, usadas para construir na cidade, foram selecionados para depositar os ossos. Paris de fato tinha acabado de criar a Inspeção-Geral de Minas, para viabilizar a consolidação das vias públicas comprometidas pelas escavações. O trabalho incluiu obras de alvenaria e a construção de túneis para as escadas.






Atenção, teto muito baixo.



Desde a sua criação, as Catacumbas despertam curiosidade. Em 1787, o Conde d'Artois, futuro Carlos X, desceu em companhia de senhoras da Corte. No ano seguinte, a visita de Madame de Polignac e Madame de Guiche. Em 1814, François 1, Imperador da Áustria. Em 1860, Napoleão III desceu nas catacumbas com seu filho.



A transferência dos restos mortais começaram após a bênção e consagração do lugar em 7 de abril de 1786 e continuou até 1788. Sempre escuro e em uma cerimonia que consiste em uma procissão de sacerdotes. Posteriormente, este local foi, até 1814, recebendo os ossos de todos os cemitérios de Paris.






Um labirinto no coração da cidade, onde guarda os ossos de 6 milhões de parisienses, transferidos a partir do século XVIII e meados do século XIX.





Acessos por vezes com teto baixo, por vezes com piso escorregadio.








Impressionante arquitetura subterrânea.





As escadarias de saída, 83 degraus.






Na saída, tal qual na entrada, encontra-se um desfibrilador, para eventual socorro (parece que aquele que está em cima da mesa chegou tarde!).










Plano de evacuação de emergência, com todo o circuito da visita.








Na saída, atravessando a rua, a loja do ossuário oferece bebidas, café, "traquitanas catacumbísticas" e até livros. Levei um sobre os subterrâneos de Paris para ler na viagem de volta.






E a razão da bandeirinha brasileira que raramente frequenta os 136 museus e 70 locais culturais de Paris: quem atende os turistas é filho de brasileira, casada com francês e - também - fala português como no Brasil. Ele diz que descobre os brasileiros pelo "típico bonjour" tupiniquim, com biquinho! Tente você falar bonjour!






Depois de aproveitar a inusitada facilidade de comunicação e conseguir boas informações, desisti de pegar o metrô para casa e voltei de ônibus. Linha 38 na Avenida Denfert-Rochereau, sentido Boulevard de la Chapelle, parada Strasbourg Saint-Denis. Muito lento, um tanto cheio, mas com vista privilegiada. Foi assim que eu descobri mais um arco do triunfo, a estátua da República e o Conservatorie Natonal Des Art Et Metiers, mas aí ... já é outra história. Bonjour!!


Típica feirinha parisiense.


Advertências:


*As informações históricas foram obtidas no site oficial  http://www.catacombes-de-paris.fr/ , livremente traduzidas e interpretadas.

*Próximo post já será publicado no Brasil, com o material restante. Au revoir!!